As dúvidas que pairam em torno da lisura do mais recente concurso da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL) envolvem uma série de questões pontuais. Além da suspeita da venda do gabarito, os candidatos que cumpriram todas as exigências e estariam em conformidade com o edital denunciam que uma grande quantidade de inscritos foi aprovada, mas, sequer, completou o Ensino Fundamental.
Pelas redes sociais, os relatos não param dando conta de problemas que colocam em xeque o certame. Os comentários indicam que mais de 150 pessoas que obtiveram as maiores pontuações possuem passagens pela polícia e jamais poderiam assumir o serviço público pela certidão criminal positiva.
No fim de semana, um homem foi levado à delegacia, após os vizinhos dele chamarem a polícia por se sentirem incomodados pelo som alto. De acordo com a polícia, o rapaz estava justamente comemorando a aprovação no concurso da PM.
Um detalhe bastante relevante é que ele foi preso sete vezes e nem terminou o quarto ano do Ensino Fundamental, infringindo um dos dispositivos do edital, que exigiria o Ensino Médio completo como requisito para participação no processo seletivo. Outras pessoas nesta mesma condição também estariam no topo do listão.
Além disso, o suspeito teria revelado aos militares do Batalhão de Polícia de Guarda (BPGd), mobilizado ao local da comemoração, que havia comprado o gabarito. Ele foi aprovado entre os primeiros colocados e ainda confirmou que a irmã também passou.
A polícia deve investigar a denúncia de que um grupo dos municípios de União dos Palmares e de Joaquim Gomes teria dito que, da mesma forma, comprou o gabarito. Segundo relatos de alguns candidatos, as respostas foram vendidas a R$ 10 mil. O pagamento incluía R$ 40 mil, a serem parcelados quando o policial estivesse formado.
As denúncias indicam, também, que, dentre os candidatos que ficaram nos primeiros lugares, há um casal que fez 104 pontos.
Há, na lista, nomes de filhos de suspeitos de tráfico de drogas e de vereadores de municípios do interior.
Para completar a preocupação de quem estudou para o certame, muitos destacam que mais de 50% dos aprovados não são de Alagoas.
Diante destes relatos, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) e a Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) determinaram investigações e prometeram eliminar os candidatos envolvidos em possíveis fraudes.