24/08/2023 às 06h35min - Atualizada em 24/08/2023 às 06h35min

Mais de 500 pessoas estão na fila de transplantes de órgãos, em Alagoas


O tema da doação de órgãos ganhou destaque após a notícia de que o apresentador Faustão está aguardando um transplante de coração. O Hospital HCor, em São Paulo, conhecido por sua expertise no tratamento de doenças cardíacas, estima que Faustão terá que esperar de dois a três meses por um órgão compatível.

Em Alagoas, duas pessoas estão na fila para transplante de coração. No entanto, quando observado o total [envolvendo outros órgãos], mais de 500 pessoas estão na fila por um transplante desde o início deste ano, de acordo com dados da Central de Transplantes do estado. Esse número representa 9% a mais em comparação com os registros de todo o ano de 2022.

A espera pelo transplante de córnea lidera os registros da fila no estado, com 453 pessoas aguardando pelo órgão, seguido dos transplantes de rim, com 48, e de fígado, com 6, segundo dados deste ano da Central de Transplantes.

Ainda conforme informações da Central, comparando o primeiro semestre de 2022 com o de 2023, foram realizados 18 transplantes a menos de um ano para o outro, o que representa uma redução de 35% no número de procedimentos realizados.

 

Possibilidade de entrar na fila é maior do que ser doador

Ao CadaMinuto, a coordenadora da Central de Transplantes de Órgãos de Alagoas, Daniela Ramos, enfatizou a necessidade de falar sobre o assunto com a população e elencou as principais dificuldades da Central em relação à demanda e à disponibilidade de órgãos. Ela explica que ainda existem muitas notificações incorretas de mortes encefálicas por parte dos hospitais, o que dificulta o processo.

Coordenadora da Central de Transplantes de Órgãos de Alagoas, Daniela Ramos / Foto: Cortesia

“Para acontecer transplante de órgãos e tecidos, precisa ter, além da doação autorizada pela família, a notificação dos hospitais sobre a morte encefálica à Central de Transplantes, pois o aviso é compulsório, no entanto, ainda existem muitas subnotificações”, revela a coordenadora.

Ainda de acordo com Daniela, é necessário que as pessoas conversem com seus familiares sobre a intenção de serem doadores. “É preciso entender que a possibilidade de entrar numa fila de transplantes é maior do que a de ser um doador, por isso, precisamos falar sobre e esclarecer todas as dúvidas a respeito do assunto”.

 

Objetivo é esclarecer dúvidas e tabus

O Hospital Geral do Estado (HGE) agora conta com uma nova sala exclusiva para busca de doadores de órgãos. A sala funciona 24h, com atendimento exclusivo para o acolhimento de familiares em possível doação de órgãos.

A coordenadora de enfermagem da Organização de Procura de Órgãos (OPO), do HGE, Eleonora Carvalho, reforçou que a falta de informação é um dos principais empecilhos na busca por doadores.

Segundo a enfermeira, “a sala tem uma localização privilegiada” para ficar próximo às áreas críticas e facilitar a visita da equipe aos setores e grupos assistências.

Ela afirma que o “objetivo é conseguir o melhor acolhimento a essas famílias, podendo esclarecer dúvidas e tabus e, assim, aumentar os índices de doações de órgãos e tecidos”.

A coordenadora argumenta que famílias com melhor acesso à informações e a um espaço para esclarecer suas dúvidas durante o processo, têm maiores chances de aceitar uma doação. Para ela, um maior acolhimento, salvará mais vidas.

Coordenadora de enfermagem da Organização de Procura de Órgãos (OPO), do HGE, Eleonora Carvalho / Foto: Cortesia

“Em caso de morte encefálica, as famílias são acolhidas desde o momento da suspeita do diagnóstico, o que ajuda a entender todo o processo. Com a confirmação da morte encefálica, a família já tem um vínculo com a equipe e, assim, mais espaço para esclarecimentos e uma tomada de decisão mais consciente”, elucida a profissional em relação à atuação da equipe da OPO.

Eleonora conta que a noção equivocada das famílias a respeito de como ficará o corpo após a doação é um dos principais fatores que dificulta a busca por doadores. Segundo ela, os familiares imaginam que o corpo vai ficar deformado para o velório.

“Nestes casos, esclarecemos que, na verdade, o corpo será recomposto e o velório poderá ser realizado da mesma forma que acontece nos casos de um não doador”.

Ainda de acordo com a enfermeira, outra dificuldade é a falta de diálogo sobre o assunto nas famílias. Assim, no momento da decisão, o desconhecimento sobre o desejo do doador sobre a doação de órgãos, acaba sendo um grande complicador.

 

Como se tornar doador?

Segundo a legislação vigente, a lei 10.211 de 23 de março de 2001, não é necessário deixar nada por escrito para se tornar doador, basta apenas comunicar o desejo à família, que autorizará o procedimento.

Podem ser doadores os cidadãos com idade acima ou igual a dois anos e abaixo de 80, conforme autorização de um parente de primeiro grau, como irmão, cônjuge e pai ou mãe. Além disso, é necessária a presença de duas testemunhas para a autorização.

Os órgãos ou tecidos são direcionados a possíveis receptores mediante a lista de espera regulada pelo Sistema Nacional de Transplantes e de acordo com critérios de urgência, tempo de espera e compatibilidade.


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