As forças russas seguem intensificando os ataques à Ucrânia nesta quarta-feira (2).
Segundo o Ministério da Defesa da Russia, as forças armadas do país teriam dominado a cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, onde vivem cerca de 250 mil pessoas. A informação é da agência de notícias russa RIA – mas é negada pela Ucrânia.
"As divisões russas das Forças Armadas tomaram o controle total do centro regional de Kherson", afirmou o porta-voz do ministério da Defesa, Igor Konashenkov.
Em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, pelo menos 21 pessoas morreram e 112 ficaram feridas em um bombardeio nas últimas 24 horas, disse o governador regional Oleg Synegubov. As autoridades disseram que ataques com mísseis russos atingiram o centro da cidade, incluindo áreas residenciais e o prédio da administração regional.
Na capital ucraniana, Kiev, a Rússia está reunindo tropas cada vez mais perto, segundo seu prefeito, Vitali Klitschko. Em um texto publicado na internet, Klitschko afirmou que os russos devem enfrentar resistência: "Estamos nos preparando e vamos defender Kiev, Kiev se mantém de pé e se manterá de pé", disse.
Na terça-feira, uma torre de TV na capital foi atingida, causando a morte de 5 pessoas.
Em Mariupol, no sudeste da Ucrânia, a situação já é dramática: segundo o prefeito local, nas últimas 14 horas a cidade foi atacada incessantemente por forças russas e sofreu muitas perdas. Os russos teriam cortado o fornecimento de água e estariam impedindo a retirada dos civis.
Assembleia da ONU A Assembleia Geral da ONU para discutir a invasão russa à Ucrânia pretende encerrar a votação sobre o assunto nesta quarta-feira (2). Representantes de todos os países que fazem parte da organização votarão sobre a condenação da Rússia diante os ataques feitos ao país vizinho.
Alguns especialistas políticos chamam a atenção para qual será o posicionamento do Brasil e da China diante do debate. No momento, uma abstenção é vista como uma forma de apoio ao ataque.
Discurso do Estado da União O presidente americano, Joe Biden, realizou durante a noite desta terça-feira (1) o tradicional discurso do Estado da União. Entre os principais assuntos estava a Guerra na Ucrânia.
"Seis dias atrás, o russo Vladimir Putin procurou abalar as fundações do mundo livre pensando que poderia fazê-lo se curvar aos seus caminhos ameaçadores. Mas ele calculou mal. Ele não contava que iria haver uma barreira: a população ucraniana", disse Biden.
O presidente americano ainda aproveitou a ocasião para demonstrar que o país está engajado em ajudar a Ucrânia e em defender os membros da Otan.
"Os EUA vão defender cada polegada de território que estiver sob posse da Otan", informou o chefe do governo americano.
"Nós ficaremos bem. As ações vão mostrar a Putin que ele ficou mais fraco e o resto do mundo ficou mais forte", completou.
Discurso de Zelensky Após o bombardeio de Kharkiv, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky acusou a Rússia e disse que um Estado que comete crimes de guerra não deve ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Zelensky também pediu à União Europeia para provar que estão do lado dos ucranianos no conflito com a Rússia.
“A União Europeia será muito mais forte conosco, isso é certo. Se vocês, a Ucrânia será muito mais solitária. Provem que estão conosco, provem que não vão nos deixar, provem que vocês são de fato europeus e, então, a vida vai vencer a morte e a luz vai vencer a escuridão.”
Reunião de negociação Uma segunda rodada de negociações entre representantes da Rússia e da Ucrânia para tentar interromper a invasão do território ucraniano deve acontecer na quarta-feira (2), segundo a agência de notícias russa Tass, que citou uma fonte do lado russo das conversas.
A primeira rodada ocorreu na segunda-feira (28), e não teve nenhum resultado definitivo.
Sanções e bloqueios O grupo de transporte marítimo Maersk anunciou que interromperá temporariamente todo o transporte de contêineres para a Rússia, se juntando a uma série de outras empresas após as sanções ocidentais impostas a Moscou.
A suspensão, que abrange todos os portos russos, não inclui alimentos, suprimentos médicos e humanitários, disse a dinamarquesa Maersk. A Maersk detém 31% da operadora portuária russa Global Ports, que opera seis terminais na Rússia e dois na Finlândia.
O Google anunciou o bloqueio de canais do YouTube ligados à rede de TV Russia Today e ao portal Sputinik, ambos veículos de comunicação estatais controlados e financiados pelo governo russo, em toda a Europa (leia mais aqui).
Grandes estúdios americanos de Hollywood anunciaram que não vão lançar seus próximos filmes na Rússia. Disney, Warner Bros., Sony e Paramount são alguns que anunciaram a medida para tentar pressionar o governo russo a cessar fogo.
"The Batman", da Warner Bros., que estreia essa semana nos cinemas mundiais e "Red: Crescer é Uma Fera", que estreia em breve no serviço de streaming Disney+, são alguns dos produtos que não estrearão em território russo. Lançamentos de outros estúdios nos cinemas como "Morbius", da Sony Pictures, e "Sonic 2", da Paramount, também estão fora.
O governo da Rússia, por sua vez, tem tomado uma série de ações para tentar proteger a economia das sanções externas – com algum sucesso. Neste terça-feira (1º), o rublo recuperava boa parte das perdas da véspera, mas ainda acumulava queda de quase 30% em relação aos seus melhores níveis no ano.
Reunião de emergência na ONU A Assembleia da ONU que começou nesta segunda-feira (28) com o intuito de discutir meios para acabar com o conflito, continuou nesta terça-feira (1º). Mais de 110 países se inscreveram para discursar durante o primeiro dia de reuniões, mas apenas 45 representantes conseguiram falar.
Uma cena chamou a atenção neste segundo dia de conversas: diplomatas de diversos países abandonaram a sala quando o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, começou a falar durante videoconferência .
No encontro, o Brasil reforçou a posição do país contra a Guerra na Ucrânia e, durante discurso na segunda-feira (28), o embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho pediu uma negociação diplomática "a favor da paz" no país invadido por tropas da Rússia.
“Estamos com um aumento rápido das tensões, que podem colocar toda a humanidade em risco, mas ainda temos tempo para parar com isso. Acreditamos que o Conselho de Segurança ainda não exauriu os instrumentos que tem a disposição para contribuir para uma solução negociada e diplomática, a caminho da paz”, completou.
O presidente dos EUA, Joe Biden, deve discursar no Congresso americano nesta terça-feira (1º), como parte de uma tradição anual do país.
Normalmente, o discurso é focado em capacidades do país, promessas para o ano seguinte e comemorações sobre promessas cumpridas no discurso anterior. Neste ano, porém, o esperado é que Biden comente também sobre a guerra na Ucrânia.
Biden, entretanto, já vem se pronunciando sobre o conflito desde o primeiro dia de invasão. O presidente dos EUA disse nesta segunda-feira (28) que os americanos não devem se preocupar com uma guerra nuclear no planeta. A declaração foi dada um dia depois de o presidente russo, Vladimir Putin, colocar as equipes nucleares da Rússia em alerta máximo.
Refugiados Segundo dados da ONU, o número de refugiados da Ucrânia já passa de 600 mil. Com bagagens leves, principalmente mulheres e crianças têm chegado aos países fronteiriços de trem, de carro e, às vezes, a pé. Homens em idade de lutar não podem sair da Ucrânia.
Em entrevista ao g1, o especialista em Estudos de Paz pela Universidade de Oslo, Alexandre Addor, disse que, ao menos desta vez, a União Europeia terá uma política diferente na abertura de fronteiras e recepção de refugiados. Isto porque os ucranianos são vistos como "coirmãos" — pessoas brancas, de olhos claros e que, fisicamente, se parecem muito com os europeus. É o que ele chama de “hierarquia dos refugiados" (leia mais sobre o assunto aqui).
Armas nucleares em posição de alerta No domingo (27), Putin disse que colocou equipes de armas nucleares em posição de alerta. Segundo a agência de notícias Reuters, ele tomou a decisão depois de ouvir declarações que considerou agressivas de representantes dos países que fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Para Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, a declaração de Putin é uma "distração". "Acho que é uma distração do que realmente ocorre na Ucrânia. É um povo inocente, que enfrenta uma agressão não provocada. O que acontece de verdade é que estão se defendendo com mais eficácia, com mais resistência", acrescentou Boris Johnson.
O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que o bloco não se envolverá após as declarações de Putin. "Não vamos continuar com essa escalada", disse Borrell à BBC.
Já a embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, afirmou que a ordem de Putin mostra que o líder russo está escalando o conflito de uma maneira que é inaceitável.
Resumo dos últimos acontecimentos:
Rússia e Ucrânia fazem primeira reunião após início dos confrontos. Encontro terminou sem acordo, mas com uma nova rodada de negociações agendada. Brasil reforçou posição contra a guerra na Ucrânia em sessão extraordinária na ONU. Putin diz que colocou equipes de armas nucleares em posição de alerta. Número de refugiados já passa de 500 mil. União Europeia começou a fornecer quantidades 'significativas' de armas à Ucrânia. Rublo desaba após novas sanções, e russos correm para os bancos. Estados Unidos expulsam do país 12 diplomatas russos acusados de espionagem. Países parceiros da Otan afirmaram que vão fornecer à Ucrânia mísseis de defesa contra ataques aéreos e armas contra tanques de guerra.