04/03/2022 às 11h02min - Atualizada em 04/03/2022 às 11h02min

Audiência pública na Câmara de Maceió discute exigência do comprovante de vacinação nas escolas

Assunto é polêmico e tem gerado debate depois que magistrados de Alagoas se posicionaram pela obrigatoriedade

Audiência pública na Câmara de Maceió discute exigência do comprovante de vacinação nas escolas
Uma audiência pública, na Câmara Municipal de Maceió, nesta quinta-feira (3), reuniu pais e profissionais da saúde e do âmbito jurídico para discutir a exigência do comprovante vacinal nas escolas. O assunto é polêmico e tem gerado debate depois que magistrados de Alagoas se posicionaram pela obrigatoriedade e sugeriram, até, sanções aos responsáveis que se opuserem a vacinar as crianças contra a Covid-19.

A discussão foi proposta pelos vereadores Gaby Ronalsa (DEM) e Léo Dias (PSD) diante da cobrança pelo posicionamento dos legisladores por parte de uma camada da sociedade, demonstrando preocupação em caso de punições por falta de imunização. A sessão especial reuniu, de fato, uma plateia contrária à exigência do chamado passaporte da vacina.


No discurso que fez, representando os pais, Juliano Ruiz disse ser unânime entre as famílias a preocupação com o avanço da pandemia, mas ressaltou que o direito à liberdade de escolha para o que achar melhor aos parentes não deve ser tolhido.

“O grupo de pais se uniu de forma espontânea e que fique bem claro que não somos contrários a quaisquer medidas de segurança na pandemia, sobretudo a vacinação. É a liberdade que deve ser garantida a todo e qualquer cidadão de escolher, de forma responsável e livre, o que vai fazer, respeitando a decisão de cada família, espontaneamente e não de forma coercitiva”, destacou.

Ele avalia que o poder público não poderia impor, sob qualquer motivo, a exigência do passaporte da vacinação. “Isso só tensiona e causa discriminação. Minhas filhas e família são os meus maiores tesouros e ninguém quer mais o bem-estar delas do que eu e minha esposa. Cuidamos delas desde quando estavam na barriga. Acusar os pais que ainda não decidiram se vacinam ou não os filhos é ignorar boa parte da ciência, que vem nos orientando também. Pedimos liberdade”, reforça.
 

A psicóloga Leila Lessa classificou o passaporte sanitário como um capítulo infeliz da história mais recente do mundo, sendo, na opinião dele, um instrumento opressor e sem base científica, levando populações inteiras ao desespero.

 

“Infelizmente, esse passaporte avançou. Aqui se aplica de maneira coercitiva e punitiva, com previsão, até, de multas altíssimas, afastando a nossa realidade. Os cidadãos estão sendo impedidos de entrar nos estabelecimentos, de entrar nas escolas, e alguns estão sendo demitidos dos seus trabalhos. Sem liberdade não tem saúde. O passaporte foi desaprovado pela Unesco, OMS e Ministério da Saúde”, comenta.

Ela completou que Unesco teria exposto que as pessoas não deveriam ser discriminadas pelo fato de não se vacinarem contra a Covid-19. Do contrário, deveriam ter assegurado o direito de serem protegidas por outros meios.

“Estamos aqui para alertar aos vereadores que não há mérito algum em alcançar este objetivo de exigir o comprovante vacinal utilizando o medo e a retirada de direitos de indivíduos. Esta portaria que exige o passaporte é do fim do mundo. Está desagregando os lares, por conflitos internos”, acredita.
Para o advogado Francisco Rego, a medida do Poder Judiciário gera inconformismo. “Toda forma de coação é de obrigação. As escolas foram muito atingidas pela portaria e, brevemente, chega nos conselheiros tutelares e ao Ministério Público. A medida carece de legalidades”, avalia.
 

Ele mencionou vários dispositivos do arcabouço jurídico em vigor no país que garante a liberdade de escolha para argumentar, no discurso, que o passaporte da vacina não tem fundamento. “Precisamos construir uma sociedade livre e justa, e promover o bem-estar de todos, sem discriminação. E este passaporte discrimina”, pensa.

O médico pediatra Marcos Pompeu citou, sem citar a referência, que 70% das pessoas que estão internadas por Covid-19 nesta nova onda estariam com segunda e a terceira doses em dia. Segundo ele, a vacina não é garantia de cura nem livra as pessoas de contrair o vírus.

“A exigência é uma maneira arbitrária em um cenário em que a vacina não protege de forma coletiva. A medida gera uma segregação. Esse passaporte não serve para nada”, entende.

A vereadora Gaby Ronalsa afirmou que o tema é urgente, e o Poder Legislativo tinha a obrigação de ouvir os anseios da sociedade. “Esta Casa representa o povo e é mais do que justo escutar a população”, opinou. A audiência, segundo os vereadores, deve nortear a Câmara a se posicionar com mais propriedade sobre o tema.


*Com Gazetaweb

 

 

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