07/04/2023 às 18h44min - Atualizada em 07/04/2023 às 18h44min

“Tem que contar a verdade com cuidado para não causar tantos danos”, alerta especialista

Doença de Alzheimer

Foto: Reprodução

A Doença de Alzheimer, diferente do que muitos possam imaginar, é o tipo de demência mais comum no mundo. Classificada no grupo de síndromes demenciais, sua principal característica está ligada ao comprometimento cognitivo e comportamental, além de outros sintomas relacionados a fatores neuropsiquiátricos e de alterações no comportamento, que vão avançando conforme o estágio da doença. Desse modo, ela acaba comprometendo, de forma progressiva, as atividades comuns do dia a dia, fazendo com que o paciente fique cada vez mais dependente de acompanhantes e cuidadores.

De acordo com a professora do Centro Universitário CESMAC e especialista em Cuidados Paliativos, Dra. Ronny Roselly, por se tratar de um assunto bastante delicado, falsr sobre Alzheimer, tanto para o paciente como seus familiares, requer cuidados para que a informação e o diagnóstico sejam recebidos da melhor forma possível.

“Abordar o Alzheimer, tanto para o paciente como para a família, é sempre difícil. A gente precisa contar a verdade, desde que seja contada com gentileza e com cuidado para saber se aquela pessoa está preparada aquela informação, para que o paciente possa absolver essa realidade e esse diagnóstico sem causar tantos danos a esse paciente e essa família”, explica a especialista.

Ela explica ainda que a doença é comum do envelhecimento, e que seu principal fator de risco é justamente a idade. “A gente até encontra, no processo normal do envelhecimento, alterações de memória, da atenção, é isso pode estar relacionado ao envelhecimento normal. Porém, quando há uma dificuldade de função, quando se torna patológico, isso não faz parte do processo de envelhecimento normal”, detalhou Ronny.

Confira na íntegra outros pontos abordados pela especialista:

 

• Se meus pais ou avós sofrerem com a doença, quais os riscos de eu desenvolver também?

– O principal fator de risco é a idade, quanto mais tempo vivo, maior é a chance de ter a doença de Alzheimer. Mas existe sim, algumas pessoas que tem essas características genéticas de maior probabilidade de ter Alzheimer.

• Quais os meios de evitar desenvolver a doença?

– Existem sim, meios de evitar as demências. Não só a doença de Alzheimer, até mesmo quando a gente conhece todos os fatores de risco, a gente poderia evitar cerca de 40% dos casos de demência do nosso país.

• Existe cura ou apenas meios de retardar os efeitos após a confirmação do diagnóstico?

– Não existe cura para o Alzheimer. Hoje em dia existem remédios, apenas, que a gente chama de remédios sintomáticos. Eles não conseguem modificar o curso da doença. Recentemente foi aprovado, nos EUA, uma droga nova que parece que tem o propósito de modificar a doença, e assim a gente ter um controle melhor da doença. Porém essa droga nova não foi aprovada, ainda, aqui no Brasil, porque é uma droga que ainda não provou sua segurança. Ainda existem riscos associados à medicação, e dessa forma ainda não está aprovada no Brasil e em vários lugares do mundo.


• O que fazer quando o paciente com Alzheimer começa a não reconhecer os familiares? Como lidar com essa situação sem causar mais angústia ao paciente?

– A doença de Alzheimer, as demências, são doenças degenerativas, e elas tem uma perda cognitiva. E em fase avançadas você começa a não reconhecer familiares, pessoas próximas e tem dificuldade no que a gente chama de atividades básicas, realizar coisas simples como auto cuidado, a capacidade de se alimentar sozinho, como qualquer fase da doença requer habilidade médica, e de uma equipe muito profissional que possa acompanhar esse paciente, pra que possamos diminuir o impacto dessa doença tão devastadora.

• Quando o paciente não aceita a presença de cuidadores porque acredita que ainda é capaz de se cuidar sozinho, o que fazer?

– Sobre todos os tipos de comportamentos, cada caso é um caso. Então é importante o acompanhamento médico especialista, que entenda do assunto, pra que possa abordar cada um dos sintomas, que acompanhe os quadros de forma individualizada, cuidadosa e eficaz.

• Quais as medidas que devemos tomar para manter a autonomia do paciente portador de Alzheimer, e o que deve ser feito em relação a identificação pessoal dele, para o caso dele se perder na rua?

– A doença de Alzheimer, como uma doença crônica e degenerativa, ela requer a necessidade de acompanhamento muito profissional de pessoas muito capacitadas e habilitadas a cuidar de um paciente nessa situação. São muitos desafios, e que muitas vezes a família se sente angustiada, insegura, não sabe bem o que fazer. Então é muito importante esse olhar do profissional, um olhar geriátrico também, pra que todas essas perdas e dificuldades sejam minimizadas.

 

Recentemente, um caso que ganhou bastante repercussão a nível mundial, foi o do ator ator Chris Hemsworth, de 39 anos, famoso por interpretar o personagem Thor, nos cinemas. A estrela dos filmes da Marvel surpreendeu os fãs ao afirmar que vai dar uma pausa na carreira após descobrir que tem um risco mais alto que o normal para desenvolver a doença de Alzheimer.

Os astro das telonas fez a descoberta após passar por testes durante a produção da série documental Limitless, da plataforma de streaming Disney+.

O australiano concedeu uma entrevista à revista Vanity Fair, e disse que que os testes confirmaram seu “maior medo”, e que ele adotará “medidas preventivas”.

Hemsworth descobriu que possui duas cópias do gene ApoE4, uma sendo proveniente de sua mãe e outra de seu pai, o que faz com que o ator esteja de oito até dez vezes mais possibilidades de desenvolver a doença em relação a quem não as duas cópias do gene.

Estatisticamente falando, cerca de 2% a 3% da população carrega consigo duas cópias desse gene.

O ator explicou ainda que ele não foi diagnosticado com Alzheimer, mas sim que foi alertado sobre sua propensão genética. “Não é um gene pré-determinante, mas é uma forte indicação”, contou. “Dez anos atrás, acho que era algo considerado mais determinante.”, completou.


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