Durante reunião ocorrida na quarta-feira, 22, no Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública do Estado de Alagoas, membros da Associação do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) protocolaram um pedido de providência ao Defensor Público Ricardo Melro, a fim de garantir a reparação aos danos causados pelo afundamento do solo às famílias que possuem jazigo no Cemitério Santo Antônio, no bairro Bebedouro.
Eles também querem que a empresa assegure o direito dessas famílias e de todos os cidadãos maceioenses de sepultarem seus familiares com dignidade, tendo em vista a atual crise no serviço funerário da capital. O Defensor recebeu o pedido de providência e estuda quais medidas serão adotadas.
“Diante do cenário atual, destacamos que não tem mais condições para continuar sepultando a demanda do cotidiano e muito menos qualquer tipo de tragédia ou acidente de maiores proporções, uma vez que, atualmente, só sepultamos o que exumamos, o que é outro absurdo, tendo em vista que todas as áreas de sepultamentos dos cemitérios públicos já foram utilizadas, inclusive as ruas estreitas dos cemitérios destinadas ao passeio público, onde a prefeitura está sepultando as pessoas em covas rasas, cobertas por areia, o que vai contra as normas de segurança sanitária e de saúde”, comentaram os representantes do MUVB.
O Movimento apresentou, durante a reunião, a pesquisa realizada pela Agência Tatu de Jornalismo de Dados, publicada em 26 de maio de 2023, de que, nos sepultamentos realizados em cemitérios públicos de Maceió, neste ano, até o dia 18 de maio, 80% foram em covas rasas.
“Das 1.065 pessoas enterradas até maio deste ano, nos oito cemitérios públicos administrados pela Prefeitura de Maceió, 861 foram sepultadas de forma precária, ou seja, de cada dez mortos, oito não tiveram um enterro digno”, ressaltaram.
Soluções
Entre as reivindicações apresentadas pelo MUVB ao Defensor Público, se destaca a necessidade de construção de um novo cemitério para acomodar aqueles que perderam seus antigos jazigos, visando também reduzir a superlotação causada pela desativação do Cemitério Santo Antônio. Além do mais, os moradores pedem que o Município de Maceió assuma os custos do sepultamento em cemitérios particulares para aqueles que não têm condições de arcar com as despesas, até que a situação de superlotação seja resolvida e que, também, garanta a realização dos enterros no prazo máximo de 24 horas após a liberação do corpo para sepultamento.
Os cidadãos também buscam indenização pelos danos morais e materiais causados pela mineradora às vítimas que possuíam sepulturas no Cemitério Santo Antônio. Por fim, exigem que o Município permita a manutenção do cemitério desativado como um memorial, para que as famílias possam continuar cuidando e visitando os túmulos de seus entes queridos.
*Com assessoria