A coluna Fábia Oliveira descobriu que enquanto Pedro Guilherme, jogador do Flamengo, tem tido sorte nos campos, por outro lado ainda trava uma partida complicada na Justiça.
Para quem não lembra, o atacante e seus pais foram processados por um pedreiro em uma ação de responsabilidade civil, cumulada com indenização por danos materiais e morais e um pedido de tutela urgente. A questão é que poucos detalhes do caso vieram à tona até agora. Porém, esta colunista descobriu mais desdobramentos da acusação e, agora, da defesa do jogador e seus genitores.
O pedreiro alegou ter sido contratado para trabalhar em uma construção na casa de Pedro Guilherme e de seus pais e, em 2020, durante um serviço na laje do local, ele despencou de uma escada de quase quatro metros de altura. Com a queda, teve uma colisão de bacia e costas e chegou até mesmo a evacuar com tamanha dor.
No documento, o profissional contou que pediu socorro aos réus e rastejou até a porta do condomínio, até que desmaiou e acordou com a mãe de Pedro recomendando que ele fosse para o hospital mais próximo. Os demais, no entanto, sugeriram acionar o Corpo de Bombeiros.
A grande questão é que o autor afirmou para a Justiça que os réus não prestaram qualquer auxílio a ele, material ou imaterialmente. Ainda disse que os mesmos foram insensíveis diante de seus gritos de socorro e fingiram que não tinham nada a ver com o caso. Como consequência do episódio, alegou ter ficado a mercê do SUS, sem conseguir novo emprego. A situação, segundo ele, vem prejudicando a subsistência de sua família, que conta com dois filhos menores, sem falar das dores e limitações físicas que suporta até hoje.
O episódio e suas sequências são tão fortes e extensos que exigem um resumo. Mas o fato que realmente importa é o que foi pedido na ação. Como tutela de urgência, o pedreiro solicitou que os réus arquem com as despesas de suas sessões de fisioterapia e com uma pensão de R$ 3.960 até que ele se reestabeleça de saúde. Além disso, pediu R$ 420 por danos materiais e R$ 100 mil por danos morais. Somando tudo, a causa ficou em R$ 147.940.
O autor, no entanto, não teve muita sorte no primeiro tempo do jogo, já que a tutela foi negada pelo juiz, que entendeu que o caso deveria passar por toda a fase de produção das provas.
Porém, como toda história tem dois lados, o jogador e seus pais logo apresentaram a sua versão dos fatos em uma contestação.
A primeira coisa que alegaram é que eles não contratam o pedreiro propriamente dito. Na verdade, teriam contratado uma empresa, a Ferroinox Estruturas Metálicas, e ela, na figura do amigo do autor, seria a responsável pela mão de obra do pedreiro.
Logo, eles afirmam que sequer deveriam figurar na causa, já que quem contratou o profissional foi a empresa. Por isso, pediram que a empresa fosse incluída no caso, figurando como ré.
Alegaram também que o caso já havia prescrito, já que o autor teria o direito de pedir a indenização até 25/06/2022, mas o fez depois deste marco temporal.
A grande questão é que o jogador e seus pais alegam que a ação é baseada em mentiras deslavadas que buscam levar o juiz ao erro. Eles afirmaram que teriam doado R$ 300 reais ao autor para comprar medicamentos.
Para sermos bem fiéis ao que consta na defesa, o jogador e seus pais afirmam que o pedreiro “mente descaradamente” para obter uma vantagem indevida. De forma geral, a principal sustentação feita por Pedro e seus pais é que a empresa que respondia pela contratação do pedreiro que deve lidar com toda essa situação, e não eles.
Para tornar o caso mais confuso, as provas apresentadas pelo pedreiro também foram questionadas. Isso porque elas foram produzidas bem depois do tal acidente, o que fez com que os réus questionassem se, de fato, as tais lesões guardam conexão com ele. Os réus ainda alegaram que o caso deveria ser julgado pela Justiça do Trabalho.
Em março deste ano, Pedro Guilherme e os pais pediram como provas o depoimento pessoal do autor e do proprietário da empresa que o teria contratado.
O autor chegou a retrucar todos os argumentos, renovando suas acusações e afirmando que ele busca apresentar a “verdade real” dos fatos. Ele afirmou não se tratar de demanda trabalhista e que a responsabilidade era dos réus, não havendo que se falar em empresa alguma nessa história.
Ele disse, também, nunca ter agido movido por ambição e que só entrou com a ação porque as lesões sofridas se agravaram com o tempo e não tem a quem socorrer, visto que tem enfrentado complicações junto ao SUS.
Desde então, o caso não ganhou novos movimentos, mas esse jogo está repleto de dribles, faltas e cartões, configurando uma partida que pode marcar a vida e o nome de Pedro Guilherme.